A minha ferida está com cheiro forte, o que fazer?

Antes de mais nada é importante evidenciar que a presença de odor intenso em feridas requer a avaliação e o acompanhamento de um profissional de saúde, com vistas ao controle efetivo dos sinais e dos sintomas. As informações a seguir não devem ser utilizadas de maneira isolada, mas complementarmente às orientações do médico ou do enfermeiro responsável pelos cuidados da lesão.
O odor é um sinal clínico de presença constante e que implica grande impacto no cotidiano dos pacientes com ferida maligna, por exemplo. Estima-se que 10,4% dos pacientes com feridas tumorais o apresentam. O problema do mau cheiro da ferida é oriundo do crescimento desordenado e anormal das células neoplásicas, que ocasiona a formação de agregados de massa tumoral necrótica no leito da ferida, na qual comumente ocorre a contaminação por micro-organismos aeróbicos (Pseudômonas aeruginosa e Staphylococcus aureus) e anaeróbicos (bacteroides). O produto final do metabolismo desses micro-organismos são os ácidos graxos voláteis (ácido acético, caproico), bem como gases putrescina e cadaverina, que conferem odor fétido às feridas tumorais.
Com o avanço da doença e da lesão, o odor desagradável pode gerar constrangimento, angústia, isolamento social e familiar e, consequentemente, exigir um maior cuidado, que abranja as necessidades físicas, psicossociais e espirituais do paciente e seus familiares.
Alguns cuidados podem ser adotados para o controle do mau cheiro em feridas:
Intervenções no leito da Lesão e sobre as condições clínicas do paciente:
- Desbridamento (sob orientação médica ou de um enfermeiro).
- Limpeza da ferida e Manejo da colonização bacteriana local.
- Manejo da sobrecarga bacteriana com uso tópico de agentes antimicrobianos (sob orientação médica ou de um enfermeiro).
- Uso dos curativos apropriados aos cuidados da lesão e do paciente.
- Uso de bolsas ou coletores na feridas
Intervenções para controle do cheiro no ambiente:
- Uso de desodorizantes de ambientes;
- Uso de bandeja com areia para gatos no ambiente;
- Almofadas de ervas;
- Óleo essencial;
- Neutralizadores ambientais de odor;
- Colocação de tigela com pó de café no quarto;
- Aromaterapia (hortelã pimenta);
- Bicarbonato de sódio embaixo da cama;
- Uso de difusores aromáticos;
- Carvão estrategicamente espalhado pelo quarto;
- Uso de perfumes ou fragrâncias para mascarar o odor;
- Ventilação do ambiente na troca dos curativos/ abrir janelas;
- Uso de odores fortes: vinagre, baunilha.
- Disposição apropriada dos curativos sujos.
São inúmeras as intervenções que o profissional de enfermagem pode aplicar aos pacientes com o diagnóstico de Odor
fétido em feridas. A escolha depende da análise clínica e do saber crítico-reflexivo, a fim de atender melhor às necessidades desses indivíduos e buscar, assim, promover sua qualidade de vida.
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Referências: Freitas de Castro MC, Santos WA, Fuly PSC, Santos MLSC & Ribeiro-Garcia T. Intervenções de enfermagem para pacientes oncológicos com odor fétido em ferida tumoral. Aquichan. 2017; 17(3): 243-256. Doi: 10.5294/aqui.2017.17.3.2
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